NutriSaúde

Valores: Ênfase na interdisciplinaridade.

NutriSaúde

Valores: Ética, integridade e responsabilidade na discussão e difusão de conhecimentos.

NutriSaúde

Valores: Transparência nas relações.

domingo, 27 de novembro de 2011

INTRODUÇÃO À ALERGIA ALIMENTAR

Esta postagem será dividida em dois capítulos. Aguardem a continuação (capítulo 2).
                                  
As alergias alimentares (AA) tornaram-se um grande problema de saúde no mundo todo nas últimas décadas e estão associados a um impacto negativo significativo na qualidade de vida (FERREIRA; SEIDMAN, 2007).

Um estudo realizado por Cortez et al. (2007) avaliou o conhecimento de pediatras e nutricionistas sobre o tratamento da alergia à proteína do leite de vaca e concluiu que estes profissionais demonstraram erro conceitual no que se refere às recomendações terapêuticas desta doença. 

A maioria dos indivíduos usufrui de grande diversidade de alimentos sem problemas. No entanto, para uma pequena porcentagem, determinados alimentos podem causar reações adversas, ou seja, reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares (SOLÉ et al., 2007; SILVA; MURA, 2007), que vão desde uma erupção cutânea ligeira a uma resposta alérgica sistêmica severa ou até mesmo fatal (FERREIRA; SEIDMAN, 2007).

As reações adversas a alimentos (RAA) podem ser classificadas em tóxicas e não tóxicas. As reações tóxicas são aquelas que independem de sensibilidade individual e ocorre quando uma pessoa ingere quantidade suficiente do alimento para desencadear reações adversas, como por exemplo, ingestão de toxinas bacterianas presentes em alimentos, ao contrário das reações não tóxicas, que dependem da sensibilidade individual e podem ser classificadas em não imuno-mediadas (intolerância alimentar) e imuno-mediadas (alergia alimentar ou hipersensibilidade alimentar) (SOLÉ et al, 2007; SILVA; MURA, 2007).

Intolerância alimentar é descrita como qualquer resposta diferente a um aditivo ou alimento que não envolve mecanismos imunológicos (GASPARIN et al, 2010).

Já a AA envolve mecanismos imunológicos, desencadeando mecanismos de ação contra o antígeno causador, gerando manifestações clínicas após a ingestão do alimento mediadas ou não por imunoglobolina E (IgE) (GASPARIN, 2010; SILVA; MURA, 2007).

O mecanismo imunológico mediado pela IgE é o mais comumente encontrado, decorrem de sensibilização a alérgenos alimentares com formação de anticorpos específicos da classe IgE, que se fixam a receptores de mastócitos e basófilos. Caracterizam-se por rápida instalação e manifestações clínicas tais como: reações cutâneas (dermatiteatópica, urticária, angioedema); gastrintestinais (edema e prurido de lábios, língua ou palato, vômitos e diarréia; respiratórias (asma, rinite) e reações sistêmicas (anafilaxia com hipotensão e choque) (SOLÉ et al., 2007; SILVA; MURA, 2007).

Quando reações não mediadas por IgE estão envolvidas, as manifestações clínicas se estabelecem mais tardiamente (horas ou dias), dificultando o diagnóstico de AA (SOLÉ et al., 2007).

Sendo a AA mais comum em crianças, devido ao desmame precoce e a introdução de outros tipos de leites não formulados para a idade, como o leite de vaca, os primeiros antígenos alimentares com os quais o lactente tem contato compreendem as proteínas deste alimento, o que o torna o principal alimento envolvido na gênese da AA nesta fase da vida (CORTEZ et al., 2007).

Nesta fase neonatos e lactentes possuem a barreira intestinal imatura e mais permeável, tornando o epitélio mais suscetível a penetração dos diferentes antígenos, portanto, mais vulnerável à sensibilização alérgica. Além disso, nesta idade há produção diminuída de anticorpos IgA secretores específicos, o que favorece a penetração de alérgenos e consequentemente a ocorrência de alergia alimentar (SOLÉ et al., 2007).

Além do leite de vaca, são identificados como principais alérgenos responsáveis pela AA em crianças: ovo, o trigo, o milho, o amendoim, a soja, os peixes e os frutos do mar (SOLÉ et al., 2007).

Os alérgenos alimentares são na sua maioria representados por glicoproteínas hidrossolúveis, capazes de estimular resposta imunológica humoral (IgE) ou celular. As principais proteínas envolvidas na AA são: leite de vaca (caseínas, lactoalbumina, lactoglobulina), ovo (albumina), peixe (parvalbuminas) crustáceos (tropomiosinas), amendoim (leguminas, vicilinas), trigo (albumina hidrossolúvel, prolaminas, gluteinas, gluteninas, giladinas), soja (glicinina, conglicina, lecitina, inibidor de tripsina) (SOLÉ et al., 2007).

Confira mais informações sobre alergias alimentares no próximo capítulo. Fique atento ao blog.

Christiane A. Rezitano
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORTEZ et al. Conhecimento de pediatras e nutricionistas sobre o tratamento da alergia ao leite de vaca no lactente. Rev Paul Pediatria. v. 25, n. 2, 2007.

FERREIRA C. T.; SEIDMAN E. Alergia alimentar: atualização prática do ponto de vista gastroenterológico. Jornal Pediatr (Rio J). v. 83, n. 1, p. 7-20, 2007.

GASPARIN F. S. R. et al. Alergia à Proteína do Leite de Vaca Versus Intolerância à Lactose: as Diferenças e Semelhanças. Revista Saúde e Pesquisa. v. 3, n. 1, p. 107-114, 2010.

SILVA, S. M. C. S. da; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterápica. 1ª Edição. São Paulo: Ed Roca, 2007.

SOLÉ, D.; SILVA, L. R.; FILHO, N. A. R.; SARNI, R. O. S. Consenso Brasileiro de Alergia Alimentar: 2007. Rev. bras. alerg. Imunopatol. v. 31, n. 2, 2008.