NutriSaúde

Valores: Ênfase na interdisciplinaridade.

NutriSaúde

Valores: Ética, integridade e responsabilidade na discussão e difusão de conhecimentos.

NutriSaúde

Valores: Transparência nas relações.

domingo, 25 de setembro de 2011

A importância da Nutrição na atividade física.

   Cada vez mais o desempenho dos atletas vem aumentando. Os sucessivos recordes alcançados por esportistas de todas as áreas mostram claramente o maior preparo físico. Adicionalmente, deparamo-nos com a crescente busca de uma melhor qualidade de vida e do “corpo perfeito” por grande parte das pessoas que praticam atividades físicas (SBME, 2009).

    Os atletas na Grécia antiga já possuíam esquemas especiais de nutrição para se preparar para os Jogos Olímpicos. Diferentes tipos de exercícios e de esportes apresentam necessidades diferentes de energia e de nutrientes e, portanto, a ingestão de alimentos precisa ser ajustada de acordo com estas necessidades (McARDLE et  al. 1992).
   
   A prática de atividades esportivas proporciona inúmeros benefícios à composição corporal, à saúde e à qualidade de vida. Porém, o esporte competitivo nem sempre é sinônimo de equilíbrio no organismo, podendo influenciar de maneira direta e significativa o estado nutricional dos atletas. Alterações fisiológicas e o desgaste físico e nutricional ocasionados pelo esforço excessivo podem deixar o atleta entre o limite da saúde e doença, sobretudo, se não houver um equilíbrio adequado entre estes eventos (McARDLE et  al. 1992).

   De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) (2009), as necessidades de energia, macronutrientes e micronutrientes são modificadas com a prática de exercícios físicos, na qual, além de maior demanda calórica, os exercícios podem ocasionar adaptações fisiológicas e bioquímicas que determinam maiores necessidades de nutrientes. 

   Dessa forma, a alimentação é um dos fatores que pode limitar o desempenho do atleta, por isso ele deve ter um planejamento alimentar adequado, a fim de:

Promover a saúde;

Equilibrar as necessidades energéticas;

Oferecer os nutrientes básicos;

Permitir uma recuperação adequada e rápida;

Atuar como recurso ergogênico;

Diminuir a velocidade de perda de rendimento;

Reduzir a ação dos radicais livres.
 
     Para os indivíduos que praticam exercícios físicos sem maiores preocupações com o desempenho, o papel da atividade física no controle do peso corporal e da massa de gordura tem sido amplamente estudado. Existem poucas evidências em relação à eficácia do exercício, como intervenção isolada, em modificar significativamente a composição corporal e o peso em indivíduos saudáveis (FERREIRA, et al. 2011).
        
    A Nutrição constitui o alicerce para o desempenho físico e proporciona o combustível para o trabalho biológico e as substâncias químicas para extrair e utilizar a energia potencial dos alimentos. É importante salientar que a oferta de energia NÃO aumenta o rendimento do atleta, mas PROLONGA sua capacidade de realização, sendo que, quanto maior o tempo da atividade, maior o impacto positivo dessa estratégia (PANZA et al. 2007).    

 Suplementos alimentares para atletas, também denominados alimentos para atletas, são indicados para indivíduos com necessidades nutricionais específicas em decorrência de exercícios físicos (BRASIL, 2010). 

   Segundo a RDC 18/2010, na maioria dos casos, uma alimentação equilibrada é suficiente para atender às necessidades nutricionais de atletas. Apenas em situações específicas alguns atletas necessitam de suplementação, conforme orientação de Nutricionista ou Médico.   

   O Nutricionista é o profissional habilitado a realizar o planejamento dietético específico para cada atividade física, por isso é imprescindível que o mesmo faça parte da equipe do atleta.

Vanessa Fontes Losano
Nutricionista

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



BRASIL. Resolução - RDC nº 18, de 27 de abril de 2010. Dispõe sobre alimentos para atletas. Disponível em: http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/rdc/103858-18.html


FERREIRA, M., MATSUDO, S., MATSUDO, V., BRAGGION, G. Efeitos de um programa de  orientação de atividade física e nutricional sobre a ingestão alimentar e composição corporal de mulheres fisicamente ativas. Revista Brasileira Ciência e Movimento. v. 11, n 1, fev 2011.



HERNANDEZ, A. J., MAHAS, R. M. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: composição de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 15, n 2, 2009.



McARDLE, W. D., KATCH, F. I., KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 3. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.



PANZA, V. P. et al. Consumo alimentar de atletas: reflexões sobre recomendações nutricionais, hábitos alimentares e métodos para avaliação do gasto e consumo energético. Rev. Nutr. Campinas, v. 20, n 06, 2007.



terça-feira, 20 de setembro de 2011

Check list: ferramenta imprescindível para Unidades Produtoras de Refeições


Há algumas décadas tem sido observada uma tendência progressiva para o consumo de refeições fora do lar, o que promoveu o desenvolvimento dos serviços de alimentação, cada vez mais em crescimento (PERETTI, 2004). No Brasil, estima-se que, de cada cinco refeições, uma não é efetuada em casa, na Europa duas em cada seis e nos EUA uma em cada duas. Esses números indicam que ainda pode haver um grande aumento e desenvolvimento dos estabelecimentos que produzem alimentos para consumo imediato no país (ARAUJO 2002).
 
Segundo dados da Associação Brasileira de Refeições Coletivas (ABERC), esses estabelecimentos serviram no ano de 2011 cerca de 24 milhões de refeições/dia para empregados de empresas e  17 milhões nas escolas, hospitais e Forças Armadas (ABERC, 2011).
 
Portanto, cuidado ao realizar as refeições fora de casa, pois se alimentar bem não significa apenas uma refeição saborosa, mas também uma refeição segura do ponto de vista sanitário (SILVA JUNIOR, 2010).
 
Durante a produção, processamento e consumo dos alimentos podem ocorrer contaminações químicas e biológicas decorrentes das práticas inadequadas aumentando assim o risco da ocorrência de doenças transmitidas por alimentos (DTA) (PRAXEDES, 2003). No Brasil  a ocorrência de DTA não é de notificação compulsória comprometendo assim a real avaliação do problema (LUCCA E TORRES, 2002).
 
As normas e procedimentos para se atingir um determinado padrão de identidade e qualidade de um produto ou serviço são chamadas Boas Práticas de Fabricação (BPF), cuja eficácia e efetividade são implementadas por meio do controle do Processo e avaliadas por intermédio da inspeção e/ou da investigação (BRASIL, 1993).
 
A segurança alimentar é fundamental para que o processo produtivo de refeições seja desenvolvido de forma a minimizar o número de doenças veiculadas por alimentos (QUEIROZ, 2009).
 
Para uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) manter um controle higiênico sanitário eficiente, faz-se necessário seguir leis estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (ARRUDA,1999).
 
Segundo GERMANO, 2003 uma ferramenta que auxilia no dia a dia dos serviços realizados nos estabelecimentos de refeição coletiva, restaurantes comerciais entre outros é o check list. Essa ferramenta de trabalho é necessária para obter um planejamento seguro de avaliação dentro da rotina de trabalho dos estabelecimentos.  Contribui na verificação diária, semanal, quinzenal ou mensal, para que se possa garantir a segurança alimentar dentro dos estabelecimentos.
 
Devemos tomar cuidado, pois um check list não é apenas o ato de “ticar” os itens, sem estar totalmente avaliando cada um. Não caia nessa tentação! Nunca!  Essa ferramenta deverá ser o seu detector de processos dentro da cadeia de produção.
 
Segundo a Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002, seguem os itens que deverão constar num check list:

-  Avaliação Estrutural do estabelecimento;
-  Higienização Das Instalações;
-  Controle Integrado De Vetores E Pragas Urbanas;
-  Abastecimento De Água;
-  Manejo Dos Resíduos;
-  Esgotamento Sanitário;
-  Esgotamento Sanitário;
-  Layout;
-  Equipamentos, Móveis E Utensílios;
-  Manipuladores (Vestuário; Hábitos Higiênicos; Estado De Saúde; Programa De Controle De Saúde; Equipamento De Proteção Individual; Programa De Capacitação Dos Manipuladores E Supervisão);
-  Produção E Transporte Do Alimento;
-  Matéria-Prima, Ingredientes E Embalagens;
-  Fluxo De Produção;
-  Rotulagem E Armazenamento Do Produto-Final;
-  Controle De Qualidade Do Produto Final;
-  Transporte Do Produto Final;
-  Manual De Boas Práticas De Fabricação;
-  Procedimentos Operacionais Padronizados.

PATRICIA CARMINA
Nutricionista
Técnica em Nutrição e Dietética


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  
ARRUDA,G.A. Implantando a Qualidade nos Restaurantes . Revista de Nutrição em Pauta.
Março/ Abril,1999

BRASIL. Resolução - RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Aprovar o regulamento técnico sobre as embalagens e equipamentos metálicos em contato com alimentos. 

Publicada no diário oficial, em 06 de novembro de 2002.
GERMANO, P. M. L. Higiene Vigilância Sanitária de Alimentos. 2. ed. São Paulo: Varela.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 1428, de 23 de novembro de 1993.

PERETTI, A. P. R.; SPEZIA, D. S.; ARAÚJO, W. M. C. Certificação de
qualidade no segmento de food service. Higiene Alimentar, São Paulo, v.
18, n. 121, p. 14-18, 2004.

SILVA JR., E.A. Manual de Controle Higiênico-Sanitário em Serviços de Alimentação. São Paulo: Editora Varela, 2010, 209 p.

QUEIROZ, A.T.A. et al. Boas práticas de fabricação em restaurantes “Self-service a quilo” – Aspectos Gerais – São Paulo, 2009 p.55-68. 

ARAÚJO, W. M. C. Qualidade dos alimentos comercializados no Distrito Federal no período de 1997-2001. 2002. 79f. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana) Universidade de Brasília, Distrito Federal, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE REFEIÇÕES COLETIVAS (ABERC).
Manual de Práticas de Elaboração e Serviço de Refeições para Coletividades. 8. ed. São
Paulo: Paraíso, 2003. 288p.

PRAXEDES, P. C. G. Aspectos da qualidade higiênico-sanitária de alimentos consumidos e comercializados na comunidade São Remo, São Paulo, Capital. 2003. Dissertação (mestrado)
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

LUCCA, A.; TORRES, E. A. F. S. Condições de higiene de “cachorro-quente” comercializado
em vias públicas. Rev. Saúde Pub., São Paulo, v. 36, n. 3, p. 350-352, 2002.


domingo, 11 de setembro de 2011

Cirurgia bariátrica x obesidade mórbida

A obesidade mórbida é uma doença crônica, progressiva, que aumenta consideravelmente a morbidade/mortalidade dos indivíduos. Operações para correção da mesma foram desenvolvidas por volta de 1950, quando as companhias de seguro americanas observaram que indivíduos obesos adoeciam com mais freqüência e faleciam mais cedo do que a média nacional (ZILBERSTEIN; CARREIRO, 2004).
 Segundo o Centro da Obesidade Mórbida do HSL-PUCRS no estudo de Rizzolli et al. (2001), os tratamentos convencionais com dieta, atividade física, mudanças comportamentais e, muitas vezes, uso de medicações, sempre deverão ser a primeira alternativa, mas os resultados em pacientes obesos de grau III são ainda muito frustrantes. Mais de 90% dos pacientes não conseguem atingir e manter uma redução de 5-10% do peso corporal por um período maior de cinco anos.
São candidatos ao tratamento cirúrgico, os pacientes com IMC maior que 40 kg/m² ou com IMC maior que 35kg/m² associado a comorbidades (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apnéia do sono, entre outras). Em contrapartida, a cirurgia estaria contra-indicada em pacientes com pneumopatias graves, insuficiência renal, lesão acentuada do miocárdio e cirrose hepática (FANDINO et al., 2004).
Assim, pelo Consenso Latino Americano de Obesidade, as técnicas de cirurgia bariátrica podem ser divididas em três diferentes categorias:
·   Restritivas: são baseadas na redução do volume de alimentos que podem ser tolerados pelo estômago, dificultando a entrada dos mesmos no sistema digestório através da banda gástrica ajustável, da gastroplastia vertical de Mason, da gastrectomia em manga e do balão intragástrico. Apesar deste último não ser um procedimento cirúrgico e sim um artefato que é colocado no estômago por via endoscópica e que pode permanecer no organismo por seis meses, e após este período, ser retirado ou substituído por novo balão.
·   Disabsortivas: baseiam-se no princípio da má absorção intestinal, fazendo com que o alimento ingerido só se misture com o suco pancreático nos últimos 50cm de íleo, causando absorção diminuída das gorduras e amido.
·   Mistas: têm-se mostrado segura e eficiente a médio e longo prazo, com grande índice de satisfação dos pacientes. Podem ser feitas por cirurgia convencional ou videolaparoscopia. É construída uma bolsa gástrica pequena, com volume de 30-50ml aproximadamente, e o restante do estômago é mantido, bem como o duodeno e os primeiros 30-50cm do jejuno que ficam desviados do trajeto dos alimentos.
Os resultados esperados com a cirurgia bariátrica incluem: perda de peso, melhora das comorbidades relacionadas e da qualidade de vida (SEGAL et al., 2002).
Contudo, sabe-se atualmente que as cirurgias bariátricas, especificamente as que lidam com desvios intestinais, apresentam efeitos colaterais conhecidos, que com adequado controle clínico, readequação alimentar e reposições de carências identificadas, são completamente controlados. É o tratamento mais eficaz para a obesidade grave e suas comorbidades apresentando resultados muito favoráveis em relação aos tratamentos convencionais com morbimortalidade menor que estes últimos.
Por fim, ressalta-se a importância da identificação de carências nutricionais, uma vez que, muitas das técnicas cirúrgicas utilizadas possuem como base a redução de absorção, apresentando como preocupação especial a redução de absorção de micronutrientes. Assim, faz-se necessária a suplementação adequada para que estes indivíduos não desenvolvam sinais e sintomas relacionados ao déficit de vitaminas e minerais.  

Sílvia Marques Lima
Nutricionista responsável técnica do Lar das Moças Cegas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSENSO LATINO AMERICANO DE OBESIDADE. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabólica. v.43. p.21-67, 1999.

ZILBERSTEIN, B. ; CARREIRO, D.M. Mitos & Realidades sobre Obesidade e Cirurgia Bariátrica. 1ª Edição – São Paulo, p. 53, 2004.

RIZZOLLI, J.; MOTTIN, C.C. et al. Redução de peso e Evolução das Comorbidades no acompanhamento pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica – Centro da Obesidade Mórbida do HSL-PUCRS. Boletim de Cirurgia da Obesidade. v.2, p. 6, 2001.

FANDINO, J.; BENCHIMOL, A.K.; COUTINHO, W.F.; APPOLINÁRIO, J.C. Cirurgia Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. v.26. n.1. Porto Alegre, 2004.

SEGAL, A.; FANDINO, J. Indicações e contra-indicações para realização das Cirurgias Bariátricas. Revista Brasileira de Psiquiatria. v.24. p.68-72, 2002.






domingo, 4 de setembro de 2011

Nutrição no hipotireoidismo

O sistema endócrino humano possui como glândula mais influente a hipófise, que é responsável pelo transporte de hormônios regulatórios, produzidos pelo hipotálamo, para que estimulem a atividade de outras glândulas, como a tireóide. O hipotálamo estimula a glândula da hipófise a partir do hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que estimula a glândula tireóidea, localizada na região do pescoço, através do hormônio estimulador da tireóide (TSH) a produzir os hormônios tireoidianos (T4 – tiroxina e T3 – triiodotironina) (CERQUEIRA; SILVA; CHAGAS, 2007).
Os hormônios tireoidianos possuem importante papel para o equilíbrio do organismo, atuando em todos os órgãos e vias metabólicas e seus principais efeitos compreendem o desenvolvimento de vários tecidos (como o sistema nervoso central), consumo de oxigênio, regulação da temperatura corporal, freqüência cardíaca e metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos (BARRA et al., 2004).
A principal forma secretada pela glândula tireóidea é do T4 (3,5,3’,5’-tetraiodo Ltironina) e em menor concentração o T3 (3,5,3’ triiodotironina), que é considerada a forma ativa do hormônio. A principal forma de produção de T3 é através da conversão do T4 em T3 por meio da deiodinase nos tecidos periféricos (BARRA et al., 2004).
O hipotireoidismo é uma condição patológica em que a glândula da tireóide produz hormônio tireoidiano em concentração insuficiente para a manutenção do equilíbrio orgânico, sendo uma condição crônica e particularmente prevalente em mulheres e indivíduos idosos (MCMILLAN et al., 2008).
Como conseqüências desta redução de hormônios tireoidianos surgem sintomas clássicos como a lentidão de movimentos, cansaço, baixa energia, alterações na aparência e na voz, ganho de peso, intolerância ao frio, redução da libido e constipação. Sintomas neuromusculares também são comuns como rigidez muscular, câimbras e cansaço fácil, além de alta morbidade neuropsiquiátrica com o desenvolvimento de depressão (MCMILLAN et al., 2008).
Alguns autores associam que os níveis hormonais tireoidianos são dependentes do status nutricional da dieta (NAVES, 2010). Segundo Kopp (2004), as concentrações séricas dos hormônios da tireóide, especialmente de T3, são dependentes da quantidade de carboidratos na dieta. Dietas ricas em carboidratos estão associados significativamente a maiores concentrações séricas de T3, em comparação a dietas com baixa concentração de carboidratos. Ressaltamos, entretanto, a importância do consumo de carboidratos de fontes integrais, para que possam melhorar a resposta glicêmica e insulinêmica do indíviduo, evitando o risco de resistência à insulina e outras condições patológicas associadas.
O iodo é um mineral essencial para a síntese dos hormônios tireoidianos, que é encontrado em especial no ambiente marítimo, com escassez no ambiente terrestre. Logo, importantes fontes alimentares de iodo são peixes e algas marinhas. Em função da escassez de iodo nas fontes alimentares terrestres e da elevada incidência de doenças como bócio, cretinismo e hipotireoidismo, a Organização Mundial de Saúde estabeleceu a iodação do sal, sendo considerada recomendação internacional (NAVES, 2010) para evitar o aumento dessas condições patológicas.
Quando o iodo é absorvido pela tireóide, este necessita ser transformado em sua forma orgânica, pois a forma absorvida na região intestinal é inorgânica como iodeto. Na região do citoplasma do folículo tireoideo o Iodo orgânico será “associado” à tireoglobulina para formação do MIT (monoiodotirosina)  e DIT (diiodotirosina) – Figura 1. A “união” de dois DITs na região do colóide formará o hormônio T4, e a junção de MIT mais DIT o hormônio T3. Para que essa reação ocorra, faz-se necessária a ação da peroxidase, que é uma enzima dependente de Ferro. Logo, indivíduos deficientes em ferro não produzirão adequadamente os hormônios tireoidianos.  
Para que os hormônios T4 possam ser transformados na forma ativa T3, já que a tireóide produz em maior concentração o T4, são necessárias ações enzimáticas, normalmente na região do fígado e rins, através das deiodinases ou desiodinases, que são enzimas que possuem como cofator o Selênio.Sendo assim, indivíduos deficientes em selênio não possuem a transformação adequada do hormônio tireoidiano em sua forma ativa (T3).

Figura 1 – Representação esquemática da conversão de T4 em T3
 
Os hormônios tireoidianos atuam através de receptores nucleares para modular a expressão gênica (LINDSAY, 1997), e assim desenvolver suas ações. Na conformação do receptor está presente o Zinco, apresentando a importância deste para que sejam realizadas as funções da triiodotironina (T3) (BLEICHER, 2005). Considerando a referida afirmação, a deficiência de zinco pode reduzir o número de receptores nucleares para o hormônio tireoidiano, minimizando a ação metabólica esperada para tal hormônio.
Alguns alimentos possuem características bociogênicas dificultam a produção dos hormônios tireoideos, em especial aqueles fontes de glicosinolatos e de isoflavonas. Os glicosinolatos são encontrados nos vegetais da família das Brassicas, sendo representados pelos tiocianatos e isotiocianatos. A presença destes compostos inibe a captação de iodo pela tireóide (PONTES; ADAN, 2006) por interferir na atividade da peroxidase (Figura 1). As principais fontes de glicosinolatos são brócolis, couve manteiga, couve de bruxelas, couve flor, repolho, rúcula. Portanto, indivíduos com hipotireodismo devem ter um cuidado especial na seleção e quantidades de alimentos a serem consumidos.
A soja também é um alimento que deve ser consumido com critérios por portadores de hipotireoidismo,  por conter algumas substâncias antinutricionais como fitatos, inibidores de proteases, genisteína e goitrogênicos, que afetam a absorção do iodo em nível intestinal, inibindo por consequência a produção dos hormônios tireoidianos (PONTES; ADAN, 2006). As isoflavonas (genisteína e daidzeína) possuem atividade antioxidante no organismo, entretanto, inibem a formação de peroxidases (Figura 1), podendo ter implicações na doença cardiovascular, tumorigênese e também no funcionamento da tireóide (CAI; WEI, 1996).
Considerando todo o exposto, cabe ao nutricionista identificar os nutrientes necessários para formação dos hormônios tireoideos, favorecendo sua produção, transporte e utilização, para que possam ser minimizadas as consequências do hipotireoidismo e estabilização da doença.

Karina Nunes de Simas
Nutricionista
Mestre em Ciência dos Alimentos - UFSC
Pós graduanda em Nutrição CLínica Funcional

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRA, G.B.; VELASCO, L.F.R.; PESSANHA, R.P. et al. Mecanismo Molecular da Ação do Hormônio Tireoideano. Arq Bras Endocrinol Metab. v. 48, n.1, Fevereiro 2004.

BLEICHER, L. 2005. 87p. Estudos estruturais do receptor do hormônio tireoidiano (TR) e modelagem por homologia da globulina de ligação à tiroxina (TBG). Dissertação. Universidade de São Paulo (Mestrado em Ciências: física aplicada), São Carlos.

CAI, Q.; WEI, H. Effect of dietary genistein on antioxidant enzyme activities in SENCAR mice. Nutr Cancer. v.25, p.1-7, 1996. .

CERQUEIRA, E.P.; SILVA, A.F.; CHAGAS, C.F. O Livro do Corpo Humano: um guia ilustrado de sua estrutura, funções e disfunções. São Paulo: Ciranda Cultural, 2007. (Tradução/Livro).

KOPP, W. Nutrition, evolution and thyroid hormone levels – a link to iodine deficiency disorders? Medical hypotheses. v..62, n.6, p.871-875, 2004.

LINDSAY, R.S.; TOFT, A.D. Hypothiroidism. Lancet. In: UNDERWOOD, E.J, SUTTLE, N.F. The Mineral Nutrition of livestock. 3 ed. Wallingford,UK: CABI Publishing, 1999. p.349:413.
Parte inferior do formulá
MCMILLAN, C.; BRADLEY, C.; RAZYI, S. et al. Evaluation of new measures of the impact of hypothyroidism on quality of life and symptoms: the ThyDQoL and ThySRQ. International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR). v.11, n.2, p.285-294, 2008.

NAVES, A. Hormônios tireoidianos. In: NAVES, A. Nutrição Funcional: modulação hormonal. 1. ed. São Paulo: VP Editora, p.185-234, 2010.

PONTES, A.A.N.; ADAN, L.F.F. Interferência do Iodo e Alimentos Bociogênicos no Aparecimento e Evolução das Tireopatias. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. v.10, n.1, p.81-86, 2006.