Durante 50 anos os
problemas nutricionais eram decorridos da desnutrição. De 1990 até
os dias atuais houve um aumento significante do sobrepeso e da
obesidade (SANTOS, 2005).
Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2008-2009) uma em cada três crianças está acima do peso recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Hoje
a maior causa de mortalidade no mundo são as doenças que poderiam
ser evitados com alimentação adequada, exercício físico e estilo
de vida saudável. Neste contexto a promoção da alimentação
saudável é uma medida essencial para a saúde.
Portanto,
definimos a educação nutricional como uma adoção voluntária de
hábitos alimentares que conduza à saúde e ao bem estar,
transformando e resgatando hábitos alimentares tradicionais
(FAGIOLI; NASSER, 2006).
Mas para o
diagnóstico de um bom planejamento de ensino, o nutricionista deverá
ter esclarecido os 3 componentes do comportamento alimentar dos
indivíduos (MOTTA; BOOG, 1984). Lembrando que o comportamento
alimentar tem suas bases fixadas na infância, transmitidas pela
família e sustentadas por tradições.
Os três
componentes do comportamento alimentar vêm descritos abaixo:
- Comportamento cognitivo: corresponde ao saber, é o que o individuo sabe sobre alimentos, alimentação e nutrição, é o que influencia em maior ou menor grau seu comportamento alimentar.
- Comportamento afetivo: corresponde aquilo que se sente sobre as práticas alimentares. São as atitudes envolvendo os motivos intrínsecos relacionados aos valores sociais, culturais, religiosos, familiares entre outros. São os significados diversos que o alimento tem para as pessoas.
- Situacional do comportamento: o fator social também pode facilitar ou dificultar um determinado comportamento, já que fatores econômicos limitam a adesão a certos alimentos.
A nutrição como
Educação Nutricional está envolvida em todos os ciclos da
vida: gestantes, nutrizes, lactentes, pré-escolares, escolares,
adultos, idosos e enfermos. Porém, nesta postagem focaremos nos
pré-escolares e escolares.
A educação
nutricional dentro da escola tem como enfoque (WOEHLERT et al.,
2007):
- Diretores e educadores: conscientizar sobre a importância da formação de bons hábitos alimentares para a prevenção de doenças crônicas não comunicáveis (nova nomenclatura segundo a OMS para doenças crônicas não transmissíveis) e motivá-los para que trabalhem o tema em sala de aula.
- Funcionários da cozinha: ter conhecimento sobre as boas práticas de fabricação, sobre alimentação e nutrição e incentivar o consumo dos alimentos pelos alunos.
- Família: o processo de ensino aprendizagem em Educação Nutricional pela escola infantil deve ser estendido aos pais das crianças para que o processo se efetive com sucesso.
Hoje em dia os
conceitos educacionais mais utilizados são o tradicional (que é
aquele conceito conservador, mecânico) e o construtivista (conceito
que tem por finalidade construir conhecimento, interagindo com o meio
social e natural).
Para o pré-escolar
utilizam-se esquemas senso-motor e perceptivo, que se caracterizam
pela necessidade de manipulação concreta de objetos materiais, até
a progressiva evolução para a aprendizagem por meio da observação.
Já para o escolar o desenvolvimento cognitivo caracteriza-se pela
possibilidade de buscar explicações diferentes e até divergentes a
respeito das características do objeto de estudo (FAGIOLI; NASSER,
2006).
Para um bom
planejamento de ensino precisa-se definir (FAGIOLI; NASSER, 2006):
- Diagnóstico = qual é o problema?
- Objetivo = o que deve ser mudado?
- Conteúdo programático = o que fazer para atingir seus objetivos?
- Estratégia = como fazer?
- Avaliação = Como avaliar se sua estratégia atingiu seus objetivos?
O desenvolvimento
de projetos de educação alimentar e nutricional exige uma
colaboração mútua entre professores e nutricionista, o que se
constitui na prática, em exercício de interdisciplinaridade, na
medida em que profissionais de áreas diferentes interagem nas ações
concretas (BOOG, 2008).
Christiane
A. Rezitano
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica
Referências
bibliográficas
BOOG.
M. C. F. O professor e a alimentação escolar – Ensinando a
amar a terra e o que a terra produz. Campinas, SP: Komedi, 2008.
FAGIOLI,
D.; NASSER, L. A. Educação nutricional na infância e na
adolescência – Planejamento, intervenção, avaliação e
dinâmicas. São Paulo: RCN Editora, 2006.
MOTTA, D. G. da; BOOG, M. C. F. Educação Nutricional. São Paulo: IBRASA, 1984. 159 p.
SANTOS, L. A. da S. Educação Alimentar e Nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev. Nutr. Campinas, v. 18, n.5, p. 681-692, set/out., 2005.
WOEHLERT,
A. P. et al. Nutrição & Pedagogia – o caminho
do sucesso à educação alimentar e nutricional em escolas de
educação infantil. Porto Alegre: Nova Prova, 2007. 80 p.
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