domingo, 15 de julho de 2012

Educação nutricional na escola

Durante 50 anos os problemas nutricionais eram decorridos da desnutrição. De 1990 até os dias atuais houve um aumento significante do sobrepeso e da obesidade (SANTOS, 2005).

       Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2008-2009) uma em cada três crianças está acima do peso recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

       Hoje a maior causa de mortalidade no mundo são as doenças que poderiam ser evitados com alimentação adequada, exercício físico e estilo de vida saudável. Neste contexto a promoção da alimentação saudável é uma medida essencial para a saúde.

Portanto, definimos a educação nutricional como uma adoção voluntária de hábitos alimentares que conduza à saúde e ao bem estar, transformando e resgatando hábitos alimentares tradicionais (FAGIOLI; NASSER, 2006).

Mas para o diagnóstico de um bom planejamento de ensino, o nutricionista deverá ter esclarecido os 3 componentes do comportamento alimentar dos indivíduos (MOTTA; BOOG, 1984). Lembrando que o comportamento alimentar tem suas bases fixadas na infância, transmitidas pela família e sustentadas por tradições.

Os três componentes do comportamento alimentar vêm descritos abaixo:

  • Comportamento cognitivo: corresponde ao saber, é o que o individuo sabe sobre alimentos, alimentação e nutrição, é o que influencia em maior ou menor grau seu comportamento alimentar.
  • Comportamento afetivo: corresponde aquilo que se sente sobre as práticas alimentares. São as atitudes envolvendo os motivos intrínsecos relacionados aos valores sociais, culturais, religiosos, familiares entre outros. São os significados diversos que o alimento tem para as pessoas.
  • Situacional do comportamento: o fator social também pode facilitar ou dificultar um determinado comportamento, já que fatores econômicos limitam a adesão a certos alimentos.

A nutrição como Educação Nutricional está envolvida em todos os ciclos da vida: gestantes, nutrizes, lactentes, pré-escolares, escolares, adultos, idosos e enfermos. Porém, nesta postagem focaremos nos pré-escolares e escolares.

A educação nutricional dentro da escola tem como enfoque (WOEHLERT et al., 2007):

  • Diretores e educadores: conscientizar sobre a importância da formação de bons hábitos alimentares para a prevenção de doenças crônicas não comunicáveis (nova nomenclatura segundo a OMS para doenças crônicas não transmissíveis) e motivá-los para que trabalhem o tema em sala de aula.
  • Funcionários da cozinha: ter conhecimento sobre as boas práticas de fabricação, sobre alimentação e nutrição e incentivar o consumo dos alimentos pelos alunos.
  • Família: o processo de ensino aprendizagem em Educação Nutricional pela escola infantil deve ser estendido aos pais das crianças para que o processo se efetive com sucesso.

Hoje em dia os conceitos educacionais mais utilizados são o tradicional (que é aquele conceito conservador, mecânico) e o construtivista (conceito que tem por finalidade construir conhecimento, interagindo com o meio social e natural).

Para o pré-escolar utilizam-se esquemas senso-motor e perceptivo, que se caracterizam pela necessidade de manipulação concreta de objetos materiais, até a progressiva evolução para a aprendizagem por meio da observação. Já para o escolar o desenvolvimento cognitivo caracteriza-se pela possibilidade de buscar explicações diferentes e até divergentes a respeito das características do objeto de estudo (FAGIOLI; NASSER, 2006).

Para um bom planejamento de ensino precisa-se definir (FAGIOLI; NASSER, 2006):

  • Diagnóstico = qual é o problema?
  • Objetivo = o que deve ser mudado?
  • Conteúdo programático = o que fazer para atingir seus objetivos?
  • Estratégia = como fazer?
  • Avaliação = Como avaliar se sua estratégia atingiu seus objetivos?

O desenvolvimento de projetos de educação alimentar e nutricional exige uma colaboração mútua entre professores e nutricionista, o que se constitui na prática, em exercício de interdisciplinaridade, na medida em que profissionais de áreas diferentes interagem nas ações concretas (BOOG, 2008).



Christiane A. Rezitano
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica


Referências bibliográficas

BOOG. M. C. F. O professor e a alimentação escolar – Ensinando a amar a terra e o que a terra produz. Campinas, SP: Komedi, 2008.

FAGIOLI, D.; NASSER, L. A. Educação nutricional na infância e na adolescência – Planejamento, intervenção, avaliação e dinâmicas. São Paulo: RCN Editora, 2006.

MOTTA, D. G. da; BOOG, M. C. F. Educação Nutricional. São Paulo: IBRASA, 1984. 159 p.

SANTOS, L. A. da S. Educação Alimentar e Nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev. Nutr. Campinas, v. 18, n.5, p. 681-692, set/out., 2005.

WOEHLERT, A. P. et al. Nutrição & Pedagogia – o caminho do sucesso à educação alimentar e nutricional em escolas de educação infantil. Porto Alegre: Nova Prova, 2007. 80 p.

PESQUISA DE ORÇAMENTO FAMILIAR (POF 2008-2009) Antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php id_noticia=1699&id_pagina=1/Acesso em: 06 de julho de 2012.

 

Imagem disponível em: http://nutrizonline.com.br/servicos-educacao-nutricional-em-escolas



0 comentários:

Postar um comentário