domingo, 8 de abril de 2012

Comportamento alimentar na infância



É consenso que modificações no comportamento alimentar se impõe para prevenir doenças relacionadas à alimentação e promover a saúde. Este sem dúvida é fortemente influenciado por suas próprias características físicas, sociais e psicológicas (RAMOS et al., 2000).

No segundo ano de vida da criança é muito frequente os pais queixarem-se da falta de apetite, a inapetência alimentar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008), isso ocorre, pois a velocidade de crescimento da criança diminui bastante em relação a do primeiro ano de vida, consequentemente diminuindo suas necessidades nutricionais e o apetite, também conhecida por anorexia fisiológica (MADEIRA et al., 2003; SILVA; MURA, 2007).

Pode-se dizer que nesta fase o comportamento alimentar da criança caracteriza-se por ser imprevisível e variável, ou seja, a quantidade ingerida pode oscilar, sendo grande em alguns períodos e nula em outros (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).

Por esta razão faz-se necessário o conhecimento de alguns aspectos importantes do comportamento alimentar infantil (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).

A criança em fase de formação alimentar não aceita o alimento prontamente, esta relutância é conhecida como neofobia, isto é, a criança nega-se a experimentar qualquer tipo de alimento desconhecido (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008). Já que o padrão da alimentação do pré-escolar é determinado por suas preferências alimentares (RAMOS et al., 2000).
Para que comportamento modifique-se, a familiaridade com os alimentos é o primeiro passo para que a criança aprenda sobre o sabor dos mesmos (RAMOS et al., 2000), sendo este ponto imprescindível de ser trabalhado, inclusive pela própria família.
A exposição repetida ou mera exposição são processos importantes que se iniciam com o desmame e a introdução dos alimentos sólidos durante o primeiro ano de vida. Gradativamente a criança passa a receber a alimentação dos pais que deverá ser variada para que possa aprender sobre os diversos sabores, desenvolvendo seu paladar (RAMOS et al., 2000).
O alimento não deve ser apenas percebido visualmente ou pelo odor, a criança necessita provar, mesmo que em quantidades mínimas. Geralmente o aumento da aceitação ocorre entre oito e quinze provas do alimento, podendo ocorrer a desistência dos pais neste período por acharem que a criança não gosta do alimento. Todavia é a exposição repetida que poderá contribuir na redução da neofobia alimentar (RAMOS et al., 2000; SILVA; MURA, 2007).

Alguns fatores físicos e psíquicos como cansaço, clima, ingestão calórica na refeição anterior podem variar o apetite do pré-escolar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).

  A recusa alimentar também pode ser um comportamento rebelde para chamar a atenção dos pais. Técnicas inadequadas, tais como ameaças, recompensas, punições, súplicas, a fim de forçar a criança a comer podem resultar em anorexia infantil, reforçando a recusa da criança (SILVA; MURA, 2007; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).

 Distrair a criança com mil artimanhas pode fazer também com que o interesse seja maior pelo ambiente do que pela refeição (MADEIRA et al., 2003).

Cada caso tem suas peculiaridades, requer orientação individualizada, segundo as características específicas da criança, da família e do meio. Os múltiplos fatores determinantes da neofobia alimentar têm seu impacto nutricional melhor avaliado através da ação do pediatra e do nutricionista. Casos graves podem demandar, também, uma assistência psicológica especializada, visto que muitos problemas alimentares são decorrentes de conflitos intra familiares que se explicitam no âmbito alimentar (KACHANI, 2012).

Christiane A. Rezitano
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica


Referências bibliográficas

MADEIRA, I. R. et al.  Problemas de abordagem difícil: “não come” e “não dorme”. J  Pediatria, v.79,  n.1 , p. 43-
54,  2003.

RAMOS, M. et al. Desenvolvimento do comportamento alimentar infantil. J Pediatria, v.76,  n.3 , p. 29-37,  2000.

SILVA, S.M.C.S.; MURA, J.D.P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterápica. 1ª Edição. São Paulo: Ed Roca, 2007.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Departamento de Nutrologia. – 2. ed. - São Paulo, 2008. 120 p.
  
KACHANI, A. T.; ABREU, C. L. M. de; LISBOA, S.B.H.;  FISBERG, M. Seletividade alimentar da criança. Disponível em: http://pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1096/body/07.htm. Acesso em: 30 de março de 2012.

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