domingo, 20 de maio de 2012

Alimentação complementar



A demanda nutricional do lactente é prontamente atendida pelo aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida. A partir daí torna-se necessária a introdução da alimentação complementar, visando o fornecimento de energia, proteínas, vitaminas e minerais (DIAS et al., 2010).
Estudos comprovam que é necessário após o sexto mês de vida a introdução de alimentos complementares que a criança necessita para crescer, desenvolver-se, e manter-se saudável (VIEIRA et al., 2009).
A introdução precoce, antes dessa idade, levaria a um maior risco de infecções, tanto pela diminuição dos fatores de proteção do leite materno, como pela contaminação potencial dos utensílios, à diminuição da duração do aleitamento materno (pela substituição do leite materno por alimentos complementares levando uma menor demanda de leite e, portanto, menor produção). Outro fator relevante é a possibilidade de que os alimentos complementares atrasem a maturação do intestino, que é estimulada pelo leite materno e que é essencial para o desenvolvimento da função imunitária e para a prevenção da entrada de alérgenos macromoleculares, além de interferirem na absorção de nutrientes importantes como ferro e zinco (SILVA; MURA, 2007).
Alimentos complementares são quaisquer alimentos, que não o leite humano, oferecidos à criança amamentada. Alimentos de transição, antigamente chamados de alimentos de desmame, referem-se aos alimentos complementares especialmente preparados para crianças pequenas, até que elas passem a receber os alimentos consumidos pela família. O termo “alimentos de desmame” deve ser evitado, pois pode dar a falsa impressão de que eles são usados para provocar o desmame e não para complementar o leite materno (MONTE et al., 2002).
O Ministério da Saúde/OPAS e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças menores de dois anos, dez passos para a alimentação saudável (MONTE et al., 2002), descritos abaixo:

Passo 1. Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos.
Passo 2. A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
Passo 3. Após os seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.
Passo 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança.
Passo 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.
Passo 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida.
Passo 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
Passo 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
Passo 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados.
Passo 10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

Inicialmente, os alimentos devem ser macios, amassados, sem, no entanto, serem diluídos (não se recomenda liquidificar os alimentos) e, posteriormente, os alimentos podem ser desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos  (SILVA; MURA, 2007).
Os prejuízos do aleitamento artificial e da introdução precoce e/ou inadequada dos alimentos complementares devem ser mais amplamente discutidos e divulgados e os pais e/ou responsáveis precisam ser aconselhados quanto aos princípios fisiológicos e nutricionais que norteiam a alimentação da criança. Aos profissionais da saúde cabe incentivar o aleitamento materno e as práticas da alimentação complementar apropriadas, que compreendem a introdução, em tempo oportuno, de alimentos adequados para complementar o aleitamento materno. A alimentação complementar deve oferecer alimentos ricos em energia e micronutrientes, sem contaminação, sem muito sal ou condimentos, em quantidade apropriada e fácil de preparar a partir dos alimentos da família (DIAS et al., 2010).

Christiane Alves Rezitano
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica
 




Referências bibliográficas
DIAS, M. C. A. P.  et al. Recomendações para alimentação complementar de crianças menores de dois anos. Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n.3, p. 475-486, maio/jun., 2010.
MONTE. C. M. G. et al. Guia Alimentares para Crianças Menores de 2 Anos. Organização Pan Americana da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
SILVA, S. M. C. S. da; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterápica. 1ª Edição. São Paulo: Ed Roca, 2007.
VIEIRA, R. W. et al. Do aleitamento materno à alimentação complementar: Atuação do profissional nutricionista . Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.4, n.2, p.1-8, jul-dez 2009. 

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