A
demanda nutricional do lactente é prontamente atendida pelo aleitamento materno
exclusivo até os 6 meses de vida. A partir daí torna-se necessária a introdução
da alimentação complementar, visando o fornecimento de energia, proteínas,
vitaminas e minerais (DIAS et al., 2010).
Estudos
comprovam que é necessário após o sexto mês de vida a introdução de alimentos
complementares que a criança necessita para crescer, desenvolver-se, e
manter-se saudável (VIEIRA et al., 2009).
A introdução precoce, antes dessa idade,
levaria a um maior risco de infecções, tanto pela diminuição dos fatores de
proteção do leite materno, como pela contaminação potencial dos utensílios, à
diminuição da duração do aleitamento materno (pela substituição do leite
materno por alimentos complementares levando uma menor demanda de leite e,
portanto, menor produção). Outro fator relevante é a possibilidade de que os
alimentos complementares atrasem a maturação do intestino, que é estimulada
pelo leite materno e que é essencial para o desenvolvimento da função
imunitária e para a prevenção da entrada de alérgenos macromoleculares, além de
interferirem na absorção de nutrientes importantes como ferro e zinco (SILVA;
MURA, 2007).
Alimentos complementares são quaisquer
alimentos, que não o leite humano, oferecidos à criança amamentada. Alimentos
de transição, antigamente chamados de alimentos de desmame, referem-se aos
alimentos complementares especialmente preparados para crianças
pequenas, até que elas passem a receber os alimentos consumidos pela família. O
termo “alimentos de desmame” deve ser evitado, pois pode dar a falsa impressão
de que eles são usados para provocar o desmame e não para complementar o leite
materno (MONTE et al., 2002).
O
Ministério da Saúde/OPAS e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para
crianças menores de dois anos, dez passos para a alimentação saudável (MONTE et
al., 2002), descritos abaixo:
Passo 1. Dar somente leite
materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros
alimentos.
Passo 2. A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e
gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou
mais.
Passo 3. Após os seis meses,
dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas,
legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes
ao dia, se estiver desmamada.
Passo 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem
rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança.
Passo 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o
início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês)
e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.
Passo 6. Oferecer à criança
diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação
colorida.
Passo 7. Estimular o consumo
diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
Passo 8. Evitar açúcar, café,
enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos
primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
Passo 9. Cuidar da higiene no
preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação
adequados.
Passo 10. Estimular a criança
doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e
seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.
Inicialmente,
os alimentos devem ser macios, amassados, sem, no entanto, serem diluídos (não
se recomenda liquidificar os alimentos) e, posteriormente, os alimentos podem
ser desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos (SILVA; MURA, 2007).
Os prejuízos do aleitamento artificial e da
introdução precoce e/ou inadequada dos alimentos complementares devem ser mais
amplamente discutidos e divulgados e os pais e/ou responsáveis precisam ser
aconselhados quanto aos princípios fisiológicos e nutricionais que norteiam a
alimentação da criança. Aos profissionais da saúde cabe incentivar o
aleitamento materno e as práticas da alimentação complementar apropriadas, que
compreendem a introdução, em tempo oportuno, de alimentos adequados para
complementar o aleitamento materno. A alimentação complementar deve oferecer
alimentos ricos em energia e micronutrientes, sem contaminação, sem muito sal
ou condimentos, em quantidade apropriada e fácil de preparar a partir dos
alimentos da família (DIAS et al., 2010).
Christiane Alves Rezitano
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica
Nutricionista
Responsável Técnica da Gota de Leite, Santos-SP
Pós graduada em Nutrição Clínica
Referências bibliográficas
DIAS,
M. C. A. P. et al. Recomendações para
alimentação complementar de crianças menores de dois anos. Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n.3, p. 475-486, maio/jun., 2010.
MONTE.
C. M. G. et al. Guia Alimentares para Crianças Menores de 2 Anos. Organização Pan Americana da Saúde. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2002.
SILVA,
S. M. C. S. da; MURA, J. D. P. Tratado
de alimentação, nutrição e dietoterápica. 1ª Edição. São Paulo: Ed Roca,
2007.
VIEIRA,
R. W. et al. Do aleitamento materno à alimentação complementar: Atuação do
profissional nutricionista . Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.4, n.2, p.1-8,
jul-dez 2009.
0 comentários:
Postar um comentário