quarta-feira, 27 de julho de 2011

Obesidade e Síndrome Metabólica

Sabe-se que a obesidade é uma doença complexa de etiologia multifatorial, com sua própria fisiopatologia e comorbidades associadas. Assim, aceitar a obesidade como uma doença é fundamental para o seu tratamento (SINAIKO, 2007).
Nesse sentido são abordadas doenças associadas ao sobrepeso e obesidade nas seguintes situações: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, estado pró-inflamatório do obeso e síndrome metabólica (WANDERLEY; FERREIRA, 2010).
De acordo com I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, esta Síndrome é definida como um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovasculares relacionados à deposição central de gordura e à resistência à ação da insulina. Entre esses fatores de risco, incluem-se a dislipidemia, a obesidade, a alteração na homeostase glicêmica e a hipertensão arterial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Segundo Rodrigues et al. (2010) a prevalência de Síndrome Metabólica na população em geral é de aproximadamente 24%, chegando mais de 80% entre os pacientes com Diabetes tipo 2. Ainda na opinião do autor a Síndrome Metabólica é um importante fator de risco de mortalidade precoce em indivíduos não diabéticos.
Diferentes Instituições americanas propuseram consenso único e global, que consideram para o diagnóstico da Síndrome Metabólica pelo menos três situações: circunferência da cintura, triglicérides, pressão arterial e glicemia elevadas e HDL colesterol baixo, ou uso de medicação no caso das quatro últimas situações (ALBERT et al., 2009 apud SÁ; MOURA, 2010). Os pontos de corte determinados pela National Cholesterol Education Program (NCEP) para a classificação da Síndrome Metabólica vêm destacados no Quadro 1.
Quadro 1 – Componentes da Síndrome Metabólica segundo NCEP ATP III


O objetivo principal do diagnóstico da Síndrome Metabólica é desenvolver um adequado tratamento e controlar os fatores de risco que potencializam o quadro, na medida em que as doenças que compõem esta síndrome são crônicas e suas seqüelas praticamente irreversíveis.
Sendo assim, é fundamental para a prevenção, assim como no tratamento da Síndrome Metabólica, a adoção de um plano alimentar saudável, se possível, aliado à prática de atividade física. O plano alimentar deve ser individualizado e contribuir para a perda de peso sustentável de 5% a 10% de peso corporal inicial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). É importante que sejam ajustadas deficiências nutricionais, normalmente associadas aos micronutrientes (vitaminas e minerais), já que atualmente grande parte da população sofre com a fome oculta; além da adequação dos macronutrientes a níveis desejáveis recomendados. Os compostos bioativos dos alimentos podem contribuir para a redução da inflamação e estresse oxidativo causados pela Síndrome Metabólica. 

Silvia Marques de Lima
Nutricionista Responsável Técnica pelo Lar das Moças Cegas
Professora do Curso Técnico de Nutrição


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RODRIGUES, T.C.; CANINI, L.H.; GROSS, J.L. Síndrome metabólica, resistência à ação da insulina e doença cardiovascular no diabete melito tipo 1. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v.94, n.1, p. 134-139, 2010.
SÁ, N.N.B.; MOURA, E.C. Fatores associados à carga de doenças da síndrome metabólica entre adultos brasileiros. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.26, n.9, p.1853-1862, set., 2010.

SINAIKO, A. Obesidade, resistência à insulina e síndrome metabólica. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v.83, n.1, p.3-5, 2007.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e tratamento da Síndrome Metabólica. Arquivos Brasileiros de cardiologia, v.86, p.1-28, abril 2005.

WANDERLEY, E.N.; FERREIRA, V.A. Obesidade: uma perspectiva plural. CIência & Saúde Coletiva, v.15, n.1, p.185-194, 2010.



                                                                                 

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